POLICIAIS FEDERAIS QUINTUPLICAM O NÚMERO DE VAGAS NAS ELEIÇÕES
Número de vagas nas prefeituras e câmaras de vereadores salta de 4 para 19, aponta levantamento
Agentes da Polícia Federal quintuplicaram o número de vagas nas prefeituras e câmaras de vereadores de todo país depois das eleições de domingo. Foram lançados dez candidatos a prefeito. E cinco se elegeram. As urnas trouxeram ainda um futuro vice-prefeito e 13 vereadores. No total, foram 19 eleitos.
Em 2012, eram apenas quatro políticos, entre vereadores e um vice-prefeito, conta Luís Antônio Boudens, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), entidade que produziu o levantamento. Os eleitos foram escolhidos por eleitores de 11 estados.
Dos 58 candidatos lançados em todo o país, 39, ou dois terços, perderam as eleições. Os dados mostram que os policiais-candidatos estão filiados, em sua maioria, a partidos de direita. Apenas 11, ou 19%, pertencem ao PT, PDT, PPS, PSB, Rede ou PV. Em Ribeirão Preto (SP), o ex-deputado federal Otoniel Lima (PRB) agora será vereador. Odécio Carneiro (SD) vai ocupar uma cadeira na Câmara de Fortaleza (CE). Sandro Araújo (PPS), na de Niterói (RJ).
Em 2012, eram apenas quatro políticos, entre vereadores e um vice-prefeito, conta Luís Antônio Boudens, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), entidade que produziu o levantamento. Os eleitos foram escolhidos por eleitores de 11 estados.
Para Boudens, o resultado revela que a população enxerga na polícia um meio de se combater a corrupção e a criminalidade em geral com mais afinco. Inserir agentes na política significa reforçar isso. Para a socióloga Julita Lemgruber, a eleição de policiais está tradicionalmente associada à “bancada da bala”, mas seria necessário um exame profundo dos perfis políticos para saber se essa nova geração – eleita sob novas regras de financiamento de campanha – tem o mesmo alinhamento ideológico da outra. A medida é fruto da insatisfação de parcela da população com a impunidade e deve significar uma legislação mais repressiva e que relativize os direitos humanos, avaliou uma juíza, que falou sob a condição de anonimato ao Correio.
O jornal tentou localizar delegados eleitos, mas não obteve informações. Dois deles não tiveram sucesso. Algacir Mikaloviski (PSDC) e Júlia Vergara (PSDB) não conseguiram uma vaga de vereador em Curitiba e Florianópolis, respectivamente.
Boudens conversou com os eleitos nos últimos dias. “Os eleitores os abordavam pedindo: 'Olha, vamos combater a corrupção'. Ou seja, querem que comece já no município.” O presidente da Fenapef entende que a Operação Lava-Jato modificou o quadro e favoreceu o aumento de votos em policiais.
“A Lava-Jato revelou muito trabalho para nós. E isso gerou uma empatia muito forte da população com os policiais”, analisa. Para Boudens, há uma crença de que, combatendo a criminalidade do colarinho branco, também haverá uma luta mais eficiente contra a violência e outros delitos da cidade.
O policial nega que o aumento da presença de agentes signifique mais repressão e menos direitos humanos. Segundo ele, os federais lidam melhor com as garantias fundamentais dos cidadãos. “O curso de formação da academia de polícia é quase um curso de segurança pública”, afirmou Boudens. “Na PF, há pouquíssimos casos de exageros e abusos. Houve mais no passado.” Ele menciona o hino da corporação como exemplo de um espírito aberto a soluções menos repressivas por parte dos policiais federais. A letra, criada nos anos 70 em plena ditadura militar, elogia os direitos humanos e civis da sociedade.
Segundo Julita Lemgruber, diretora do Centro de Estudos de Segurança Pública da Universidade Cândido Mendes, é cedo para se avaliar com precisão o que se pode esperar dessa leva de políticos. Nos últimos anos, os policiais no Congresso eram escolhidos com forte apoio da indústria de armas e munições. Como as doações empresariais foram proibidos, seria necessário refletir mais sobre a trajetória profissional dos futuros vereadores e prefeitos, afirmou ela.
“De maneira geral, os policiais políticos seguem a lógica da 'lei e ordem', semelhante à que tem defendido o (Donald) Trump (candidato de direita à Presidência dos EUA), que não procura conciliar o direito das pessoas e a busca por segurança”, contou ao Correio.
Boudens conversou com os eleitos nos últimos dias. “Os eleitores os abordavam pedindo: 'Olha, vamos combater a corrupção'. Ou seja, querem que comece já no município.” O presidente da Fenapef entende que a Operação Lava-Jato modificou o quadro e favoreceu o aumento de votos em policiais.
“A Lava-Jato revelou muito trabalho para nós. E isso gerou uma empatia muito forte da população com os policiais”, analisa. Para Boudens, há uma crença de que, combatendo a criminalidade do colarinho branco, também haverá uma luta mais eficiente contra a violência e outros delitos da cidade.
O policial nega que o aumento da presença de agentes signifique mais repressão e menos direitos humanos. Segundo ele, os federais lidam melhor com as garantias fundamentais dos cidadãos. “O curso de formação da academia de polícia é quase um curso de segurança pública”, afirmou Boudens. “Na PF, há pouquíssimos casos de exageros e abusos. Houve mais no passado.” Ele menciona o hino da corporação como exemplo de um espírito aberto a soluções menos repressivas por parte dos policiais federais. A letra, criada nos anos 70 em plena ditadura militar, elogia os direitos humanos e civis da sociedade.
Segundo Julita Lemgruber, diretora do Centro de Estudos de Segurança Pública da Universidade Cândido Mendes, é cedo para se avaliar com precisão o que se pode esperar dessa leva de políticos. Nos últimos anos, os policiais no Congresso eram escolhidos com forte apoio da indústria de armas e munições. Como as doações empresariais foram proibidos, seria necessário refletir mais sobre a trajetória profissional dos futuros vereadores e prefeitos, afirmou ela.
“De maneira geral, os policiais políticos seguem a lógica da 'lei e ordem', semelhante à que tem defendido o (Donald) Trump (candidato de direita à Presidência dos EUA), que não procura conciliar o direito das pessoas e a busca por segurança”, contou ao Correio.
Fonte:http://www.correiobraziliense.com.br/
Comentários
Postar um comentário
POST AQUI SUA OPINIÃO, AGRADEÇO SUA PARTICIPAÇÃO.