Em menos de 10 horas dois Militares da PMDF se suicidaram!



Dois policiais militares do Distrito Federal tiraram a própria vida em um intervalo de 10 horas entre quarta (21/3) e a madrugada desta quinta (22). Os suicídios causaram grande preocupação nos integrantes da tropa, familiares e nas entidades que representam a corporação. Nos grupos de PMs nas redes sociais, não se fala de outra coisa.

Ontem foi realizada uma  ocorrência SGO Nº 2018670732, às 13h58, no Guará-DF. Natureza Inicial: SUICÍDIO. A vítima é a 2º Tenente PM Ingride Janaina Biann Alexandrino de Sousa, mat. 730915-5, lotada no II CPRM. Fato ocorrido no Edifício Antares, Bloco A, Apartamento 211 – Guará-II. O fato foi noticiado no teleatendimento 190, pela Senhora Ana, que se identificou como amiga da referida Policial Militar, a qual informou que a vítima estaria em óbito no local, em decorrência de disparo de arma de fogo. O CPU 24, Tenente Lindomar e o CBMDF foram acionados para o local, tendo a equipe do Corpo de Bombeiros confirmado o óbito, por disparo de arma de fogo, na boca. Foi informado também que a Tenente Ingrid Biann, foi encontrada uniformizada e a arma da corporação, uma Pistola .40, estava no local.

E em menos de 10 horas outra ocorrência, o SGT RIBEIRO da ROTAM havia acabado de cometer suicídio na QR 410 de Samambaia, disparo na cabeça. SGT Giovane Ribeiro Matrícula: 22949/0 acabou de cometer suicídio em sua casa na samambaia.

Hoje, a PMDF acorda como quem acorda de um pesadelo. Porém, ao acordar, tem a missão de garantir a ordem pública como sempre, e como se nada tivesse acontecido.  Estamos no limite do insuportável. Baixo efetivo, salários defasados, sistema de saúde ineficiente, viaturas sucateadas, armamento obsoleto, munições velhas, coletes vencidos, oficiais altamente sobrecarregados, praças esquecidos e sem reconhecimento. Essa é a triste realidade!

Se fosse qualquer outro profissional,  estaria tudo bem! Orquestrava um movimento paredista, começava uma manifestação,  mobilizava uma greve. Mas não! A polícia militar não pode pedir socorro.
Somos formados ouvindo que aquele que apresenta um atestado é golpista, “muchiba”, fraco. E hoje estamos colhendo os frutos disso.
O dia sem fim é um pedido de Socorro! Pedido daqueles que, apesar de serem indispensáveis para o Estado Democrático de Direitos, são invisíveis aos olhos da sociedade e só são lembrados pelos políticos em tempo de eleição. Policiais extremamente sobrecarregados, praças com 15 anos e uma única promoção, policiais endividados, salários defasados, escalas desrespeitadas. Eis aí a fórmula perfeita da alquimia da tragédia.
O policial militar que trabalha na rua, quando consegue evitar que o crime ocorra, não fez mais que sua obrigação.  Quando não consegue, é incompetente! Quando prende um criminoso, via de regra se sente como enxugador de gelo graças ao Estatuto da criança e do adolescente ou às audiências de custódia.

Quando isso não acontece ele vai ser submetido a um procedimento administrativo porque o bandido aprendeu que pode prejudicar aquele que o prendeu simplesmente dizendo a um Juiz que foi maltratado pela polícia no momento da prisão. Essa é a triste realidade!
Policiais estão esquecidos pela sociedade e por aqueles que deveriam olhar por eles. Massacrados, com baixo efetivo, abandonados, adoecidos… O dia sem fim trouxe uma reflexão:  cuidamos da sociedade, mantemos a ordem pública, cumprimos a lei, lidamos com o que há de pior no seio social.  Mas, quem cuida de nós?

O dia sem fim foi um pedido de socorro! Uma combinação explosiva de abandono, desrespeito, sobrecarga…somados a uma arma de fogo ao alcance da mão.  Pronto! Está “resolvido” o problema. Notícias como “policial se mata e mata namorada”, “policial surta e dispara 30 vezes”, “policial se mata”, “policial comete suicídio”, são cada vez mais frequentes nos nossos jornais, nas nossas redes sociais. Mas a sensação que temos é que nada mudou, e que nunca mudará. O dia sem fim passou, um novo dia amanheceu. Mas as dificuldades permanecem.

Nos resta pedir à Deus para tocar no subconsciente de cada policial. Somente Deus pode nos ajudar nesse momento de abandono e de tamanha dor. Você meu amigo policial, embora esquecido, ultrajado pela sociedade, desprotegido pela Lei, desamparado pelo Estado… Você é importante pra sua família, pros seus amigos, pra sociedade! Peça ajuda! Converse! Não deixe que essa tragédia bata a sua porta! O dia sem fim parece ter acabado, mas até quando? Quem será o próximo? Quantos mais morrerão?

Teremos uma solução para tantos problemas? Quanto tempo levará pra termos policiais valorizados, motivados, respeitados,  com respaldo jurídico pra trabalhar, com apoio da sociedade, com meios e equipamentos adequados, com uma carreira justa, com sistema de saúde eficiente…Quanto tempo? Espero que o dia sem fim traga essa dúvida à todos e que aqueles que têm responsabilidade de decidir se sensibilizem com o grito de socorro que foi dado no dia de ontem.


Fonte.

Pelo mundo.

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