Debate entre candidatos ao GDF - Diarios associados - Tv Bsb e CB


Candidatos insistem no tema Ficha Limpa no primeiro debate televisionado.Toninho foi o que mais atacou as pretensões do ex-governador de voltar ao poder

Thaís Paranhos /
Almiro Marcos.



     Não faltaram referências à Lei da Ficha Limpa nesse que foi o primeiro debate televisionado depois da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na semana passada, que barrou o registro da candidatura do ex-governador José Roberto Arruda (PR). O tema esteve no centro do discurso principalmente de Toninho do PSol, autor da representação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) contra o candidato do PR. Arruda, por sua vez, tentou se defender como pôde e se abrigava na busca de uma discussão mais propositiva. “É isso que a população quer da gente”, disse. Luiz Pitiman (PSDB), por sua vez, trocou farpas com Toninho e defendeu um Estado mínimo, enquanto o candidato do PSol o apontava como representante dos empresários.

    Toninho foi um dos principais críticos no debate, exigindo que Arruda desistisse da disputa. “A população se sente insegura diante da sua insistência em se tornar candidato. O caminho mais correto seria o seu afastamento.” Diante da persistência de Toninho, Arruda fez uma metáfora futebolística. “Isso é como um jogo de futebol. Temos juízes para decidir. Um jogador não pode dar cartão vermelho para um adversário”, comparou o ex-governador do DF.


     Pitiman também foi bastante atacado por Toninho. Os dois representam campos ideológicos opostos: enquanto o candidato do PSol é declaradamente a favor da ampliação da participação do Estado, o tucano é um liberal e quer levar para a administração pública sua experiência na iniciativa privada. “O senhor quer governar o Estado como se fosse uma empresa. E as coisas não funcionam assim. Esse modelo está falido”, afirmou Toninho. Pitiman demonstrou irritação e, nas considerações finais, foi irônico. “Não vou perder o meu tempo com o Toninho do PSol, que já foi Toninho do PT e hoje não sabe o que representa”, atacou.


    Já no seu pronunciamento final, Toninho voltou a relacionar Arruda à condenação em segunda instância do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) por improbidade administrativa. “A Lei da Ficha Limpa é uma conquista da população e não pode ser jogada fora no DF”, afirmou, acrescentando que os eleitores precisam analisar o passado e a trajetória política dos concorrentes. Apesar dos embates, no fim do encontro, Arruda e Toninho conversaram educadamente. O candidato do PR não se abalou com os ataques. Estava satisfeito com a polarização entre os principais adversários — Agnelo Queiroz, do PT, e Rodrigo Rollemberg, do PSB.

Ironia

     Arruda também tentou traçar uma linha divisória entre ele e Pitiman, de um lado, com os demais concorrentes — Agnelo, Rollemberg e Toninho — de outro. “Eu não sou um bom analista político. Mas eles parecem ser bem próximos. Até as roupas que eles escolheram para o debate são parecidas”, ironizou, arrancando gargalhadas do público que acompanhava o confronto em um telão no auditório do Correio.
     Alvo dos demais concorrentes — principalmente Toninho —, Arruda não recebeu o mesmo tratamento de Luiz Pitiman, que integrou seu governo. Pelo contrário, o tucano, em uma das perguntas, até abriu oportunidade para que o ex-governador do DF fizesse uma crítica a Agnelo e Rollemberg. Os dois, aliás, defenderam um modelo de administração com o Estado menos intervencionista.

Cientistas políticos: candidatos buscaram exaltar falhas de oponentesA discussão de projetos, segundo os especialistas, ficou em segundo plano
Arthur Paganini
Camila Costa


     O objetivo dos candidatos ao Governo do Distrito Federal que participaram do debate promovido pelo Correio e pela TV Brasília, na opinião de cientistas políticos e especialistas em marketing político, foi de desconstruir a imagem de seus adversários na tentativa de conquistar votos. Propostas de governo deram lugar a críticas pessoais e demonstraram ao eleitor a fragilidade dos discursos de cada concorrente ao Palácio do Buriti. Segundo os especialistas, o debate terminou sem um vencedor, mas cada postulante teve bom desempenho dentro das respectivas estratégias políticas.


     Segundo os especialistas, essa pode ser uma estratégia dos concorrentes para reunir críticas na reta final das eleições. O pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) e doutor em ciência política Leandro Rodrigues avalia que pouco poderá ser aproveitado do debate pela população. “As falhas do adversário que eles tentaram mostrar, do jeito que foram faladas, soltas, no disse me disse, tornaram a conversa descontraída e belicosa, quase algo pessoal, que o cidadão que não acompanha diariamente a política não entende”, diz.



     Além disso, segundo o cientista político, os postulantes perderam a chance de apresentar propostas para a cidade e ganhar quem, até agora, não decidiu em quem votar. “Não pareceu que o interesse era resgatar o voto do eleitor que vai votar em branco ou nulo, por exemplo. O Arruda foi o que se preocupou em falar de planos de governo, até porque ele está na frente nas pesquisas de opinião. Talvez, até prevendo uma perda no STF, incentivou a polarização do debate entre Agnelo e Rollemberg”, comentou Rodrigues.


    Para o consultor político Alexandre Bandeira, a polarização entre Agnelo e Rollemberg representa a disputa para definir qual dos dois seguirá para segundo turno, enquanto Pitiman e Arruda flertam com um apoio mútuo na segunda etapa da eleição. “A estratégia de cada um foi de crescer criticando o menor adversário. Pitiman levantou a bola de Arruda, Rollemberg criticou Agnelo, e Arruda teve liberdade para discursar. Toninho e Pitiman abordaram a questão da gestão pública para se diferenciarem, enquanto Agnelo tenta conquistar o reconhecimento dos demais candidatos para suas realizações. Causou surpresa o fato de apenas Toninho ter questionado Arruda sobre sua candidatura, já que todos os demais candidatos têm interesse na queda de Arruda nas pesquisas”, avalia.

     Para o consultor político Sandro Gianelli, o embate entre Agnelo e Rollemberg foi pautado pelas pesquisas eleitorais, que colocam os dois candidatos empatados. “Agnelo e Rollemberg se atacando demonstra que as pesquisas influenciam as estratégias de cada um. O que podemos acompanhar foram tentativas de desconstrução da imagem dos adversários. Arruda segue com boa oratória e com o controle do debate. Pitiman busca se tornar mais conhecido e Toninho segue sua linha ideológica tradicional, sem novidades”, diz.



Proximidade de concorrentes na mesa do debate exigiu mais de candidatosA confiança que os políticos se esforçavam para exibir diante das câmeras da TV Brasília contrastou com o incômodo pela distância mínima entre os adversários na mesa redonda






Diego Amorim
Paloma Suertegaray
Paloma Suertegaray


   O esforço dos candidatos para demonstrar segurança ao público no debate de ontem escondia o desconforto com a proximidade dos adversários. A proposta da mesa redonda, inédita nesta campanha, exigiu uma maior habilidade pessoal dos concorrentes ao Buriti e limitou a atuação dos assessores, que não tiveram tanta privacidade para fazer considerações durante o embate de quase duas horas. Sentados em círculo, os rivais não conseguiram escapar das trocas de olhares.

    Entre perguntas e respostas, principalmente no segundo e no terceiro blocos, os candidatos ficaram constrangidos em ter de encarar os adversários tão de perto. Para fugir do contato visual, quase todos recorreram aos papéis e às canetas levados ao estúdio. José Roberto Arruda (PR) foi o que mais escreveu nas folhas brancas, mas também não deixou de transparecer reações, mesmo quando não era o alvo.
     Durante os três intervalos, os assessores corriam para o estúdio na intenção de auxiliar os candidatos nos poucos minutos que tinham. A pequena distância entre os oponentes, porém, dificultou a estratégia. O jeito foi recorrer a bilhetes, recados na tela do celular e cochichos ao pé do ouvido. Com o embate retomado, os grupos se dividiam em salas reservadas e acompanhavam o enfrentamento pela tevê. Em intensidades diferentes, vibravam a cada resposta considerada acertada.



     Com as câmeras desligadas, os candidatos se mostraram mais à vontade, inclusive com os rivais. Antes e depois do debate, o contato entre eles não se restringiu aos cumprimentos cordiais. Alguns deles se abraçaram e conversaram na mesma sala. Nas entrevistas finais, eles se esforçaram, mais uma vez, em demonstrar uma tranquilidade que estava longe de ser natural. O formato inovador do encontro, em mesa redonda, recebeu elogios dos concorrentes. Nos bastidores, porém, comentaram que o modelo representou um desafio a mais.



Poucos militantes

    A movimentação de militantes em frente ao prédio do Diários Associados durante o debate entre os candidatos foi bem fraca. Apenas alguns apoiadores de Agnelo Queiroz (PT) compareceram ao local.



    Minutos antes da transmissão, aproximadamente 15 pessoas se reuniram no estacionamento externo do edifício com bandeiras vermelhas e brancas, mas foram embora após meia hora. Mais tarde, outros 10 apoiadores do petista chegaram em um comboio de seis carros e também partiram em poucos minutos.


Correio braziliense.

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