Com a recuperação do Descoberto, Caesb pode estudar o fim do racionamento

O nível do reservatório ultrapassou 40%, valor que representa o dobro do detectado há um ano. Contudo, no mesmo período de 2016, o volume era de 58,3%.

Pouco mais de um ano do início do racionamento de água, investimentos milionários em novas captações e mudanças na rotina da população, o Distrito Federal parece que vai sair como vencedor no combate à crise hídrica. Mesmo após uma semana sem chuvas, o nível do reservatório do Descoberto continuou a subir, passando dos 40%. 
Em entrevista ao Correio, o presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), Maurício Luduvice, afirmou que, se os reservatórios continuarem nesse ritmo, após o fim do período de chuva, em maio, a companhia decidirá se o rodízio de abastecimento de água chega ao fim.

Há um ano, o Descoberto marcava a metade do volume atual: 20%. Mas o percentual é inferior ao de temporadas passadas, quando marcava 58,3% (2016), 62,7% (2015) e 100% (2014). “Estamos em uma situação muito melhor do que antes do racionamento, mas ainda não podemos dizer que superamos a crise hídrica”, avaliou Luduvice.

 O motivo da preocupação do presidente da Caesb é a pausa no período chuvoso. A última vez que caiu água no DF foi na segunda-feira da semana passada. E, segundo previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a chuva só deve voltar amanhã à noite, mas em pequena quantidade.

O veranico atual era esperado pela equipe do Inmet. “Um período de cerca de 10 dias sem precipitações, no meio de uma época chuvosa, é normal entre janeiro e março”, afirmou o meteorologista Hamilton Carvalho. Após dois meses com chuvas acima da média histórica, até o momento só foram registrados 95.9 milímetros, bem abaixo dos 247.4 previstos para janeiro. “Ainda há chance de pelo menos igualarmos com a meta, pois temos previsões de chuvas bem intensas para o fim deste mês”, adiantou o meteorologista.

A observação do nível dos reservatórios durante este veranico pode servir como um termômetro para identificar a estabilidade dos reservatórios, avalia o professor de engenharia civil do Centro Universitário IESB Charles Almeida. 

Isso ocorre porque a subida de 35 pontos percentuais nos últimos 70 dias vem, principalmente, do impacto da chuva. “Agora, temos que analisar o quanto dessas subidas se deve ao curso das águas que alimentam os reservatórios. É importante que a chuva seja armazenada no solo, para garantir o abastecimento das barragens durante o período da seca”, destacou.

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