POLÍCIA MILITAR DO DF SEM COMANDO
Sem comando, Polícia Militar agoniza com a má-administração
Excesso de gratificações e pouco compromisso com a Segurança Pública fazem da PM uma corporação frágil e cheia de problemas internos
Edson Sombra
As feridas que resultaram da operação Caixa de Pandora ainda estão abertas. E a Polícia Militar tem sofrido na própria pele o caos. Herdada pelo atual governo tampão, a situação da Polícia Militar do Distrito Federal se aproxima de um completo abandono. O estado da corporação envergonha desde o praça até mesmo os mais cacifados coronéis. Em conversa rápida com uma fonte da PM, que acompanha o dia a dia interno do alto comando da PM, o testemunho da má gestão chega a ser assustador.
Sem muito perguntar, o papo logo começa com a informação de que há cerca de seis meses toda a Polícia Militar está sem linha de telefone. O motivo? Falta de pagamento. Hoje, se algum policial precisar utilizar a linha telefônica fixa, terá problemas. O comando libera apenas um aparelho celular, de cartão, e com um limite de R$ 100 para o gasto mensal. Parece um detalhe perto da quantidade de viaturas novas estacionadas nos quartéis, por não ter quem as pilote. “É o cúmulo do absurdo”, revolta-se o policial.
A sensação de insegurança da população é muito grande. Muito disso deve-se ao alto percentual dos veículos oficiais da PM parados por falta de gente, já que quase 70% da frota de carros estão estacionados sem poder combater o crime. Em números, os dados assustam mais. Imaginem só o que é chegar em cada quartel e se deparar com pelo menos 20 motos paradas por não ter quem as comande?
Esse é o reflexo de uma Polícia Militar que deixou de ser exemplo para engrandecer os números da criminalidade no Brasil. O problema não é com os servidores. O que não há é gestão. Dos 15 mil homens, mais de 1,5 mil policiais estão emprestados para órgãos como o Ministério Público, Administrações Regionais e até mesmo na Presidência da República, onde há convocações freqüentes de policiais. E com boas gratificações.
Por causa de todo esse quadro, a corporação da Polícia Militar está descrente. E esse sentimento é refletido em números. Atualmente, cerca de 300 policiais aguardam na fila para serem expulsos da PM. Alguns por crimes graves, como roubo, estupro e sequestro. Outros por problemas com o pagamento da cesta básica. “É o maior número de policiais que a Corregedoria já enfrentou”, afirma o policial. Um diferencial é que o atual corregedor é acusado de destratar policiais da 7ª CPMind, dentro do Batalhão, sem que tenha sido foi punido. O processo parou.
Os problemas com a estrutura da PM vão além. O número de vagas dos altos postos da corporação está na mira dos praças. Há vagas para 39 coronéis da PM. Hoje, o quadro é de 57 e há a promessa de promoção de mais nove tenentes-coronéis em 25 de dezembro. “Muitos nem possuem os três anos exigidos por lei para ascenderem”, afirma. Para se ter ideia, a estrutura da PMDF se assemelha à das Forças Armadas.
Os resultados de uma má gestão não ficam por aí. Dentro do complexo da PM no Setor Policial Sul são mais de dois mil policiais presos em serviços administrativos. O que mais assusta é que esse número pode chegar a 3,8 mil servidores, devido à nova estrutura. Com essa nova organização, a estimativa é que seja apenas cinco mil. Hoje, são oito mil policiais que fazem o patrulhamento nas ruas do DF. O contingente é baixo em relação ao número de 12 mil homens considerado essencial para uma boa segurança pública.
Os dados revelam não apenas os problemas internos da corporação. A grande concentração de policiais dentro dos quartéis faz com que, querendo ou não, os PMs que estejam nas ruas trabalhem muito mais do que o normal. E os policiais que precisam do serviço médico da corporação precisam ter paciência. A ampliação do Hospital da Polícia Militar depende apenas do projeto. O prédio onde funcionava até então a policlínica foi interditado, e a obra que seria para melhorar o atendimento aos servidores policiais precisa de mais tempo. Hoje, o policial que precisa de atendimento em saúde paga para depois ser ressarcido pela corporação.
Fonte: O Distrital
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